SOJA: Prêmios nas exportações do grão voltam a ser positivos

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

A colheita de soja na safra 2008/09 está apenas no início no Brasil, mas os exportadores têm tido nos últimos dias a boa notícia do retorno ao território positivo dos prêmios para embarques. O adicional tem sido pago mesmo em um momento de nova alta dos preços do grão, que desde o fim de 2007 passaram a flutuar em patamares bem acima de suas médias históricas, mas que caíram ao longo do segundo semestre de 2008.

Bolsa de Chicago - Referência internacional para a formação de preços das commodities agrícolas, a bolsa de Chicago é a base do cálculo do ágio que tem sido praticado nos últimos dias. Sobre a cotação, atualmente em torno de US$ 10 por bushel (medida que equivale a 27,2 quilos), os embarques têm sido negociados com um prêmio de até 70 centavos de dólar. Como o prêmio pode ser positivo ou negativo, a depender de fatores como origem e destino do produto, demanda, câmbio e frete marítimo, ele ajuda a dar um retrato do mercado no momento do embarque.

Melhor do que se esperava - Não apenas o adicional pago é bem-vindo aos exportadores, mas também contrasta com o que ocorreu nesta mesma época de 2008. Na última sexta-feira, dia 16, o prêmio para embarque em Paranaguá foi positivo em 70 cents para entregas em janeiro e fevereiro, o exato oposto do registrado em 18 de janeiro de 2008, quando o deságio era de 70 centavos de dólar, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. "Perto do monstro que se criou quando se falava desta safra, dá para dizer que Papai Noel existe", diz o analista Eduardo Godoi, da Agência Rural. "Está tudo muito melhor do que se esperava. O produtor estava descapitalizado, mas o mercado está com uma liquidez muito boa".

Fundamentos - Os fundamentos de oferta e demanda do grão, que têm dado o tom do vaivém dos preços da commodity na últimas semanas - em oposição ao que ocorreu no último ano, quando as cotações foram balizadas mais pela forte presença de especuladores nesse mercado -, também ajudam a explicar os prêmios positivos que têm sido praticados neste mês.

Expectativa - "Em 2008, nesta mesma época, existia a expectativa de uma grande oferta de soja porque a previsão de que se teria uma safra boa. Não havia necessidade de pagamento de prêmio com a perspectiva de uma oferta grande", diz Lucilio Alves, pesquisador do Cepea. "Além do mais, o preço já estava muito alto". Há 12 meses, os contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) circundavam os US$ 13 por bushel - até o fim de 2007, a média histórica era de US$ 6 por bushel.

Seca - Neste ano, a seca na Argentina e no Sul do Brasil, além de Mato Grosso do Sul, tem ajudado a sustentar os preços da commodity no mercado internacional. "E os estoques mundiais até se recuperaram um pouco, mas ainda estão muito baixos", afirma Alves. Na semana passada o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo sua projeção dos estoques finais de soja na temporada 2008/09, alterando o número de 54,19 milhões para 53,94 milhões de toneladas. Há apenas dois anos, os estoques globais eram quase 10 milhões de toneladas maiores que esse volume.

Mercado interno - Os prêmios para exportação estão atrativos, mas quase toda a soja colhida até o momento tem abastecido o mercado interno, já que os armazéns das esmagadoras estavam praticamente zerados. Até o dia 15, a colheita em Mato Grosso, primeiro Estado a colher soja na safra 2008/09, ocorreu em 1,2% da área plantada no Estado, que foi de 5,5 milhões de hectares, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea). (Valor Econômico)

Conteúdos Relacionados