SECA III: Estiagem teve impacto maior nas regiões Oeste e Noroeste, aponta Mapa

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Ocorreu, na terça-feira (11/01), o segundo dia de reuniões da comitiva formada por integrantes do Mapa e da Conab e acompanhada pela Faep. Ao longo do dia, foram visitadas as regiões Norte, Noroeste e Oeste. O grupo percorre o interior do Paraná até a próxima sexta-feira (14/01) para avaliar os estragos causados na atividade agropecuária pela estiagem.

Maringá - Em Maringá, no Noroeste, participaram do encontro produtores rurais, representantes das cooperativas Cocamar, Integrada e Unicampo, além de Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetaep), Banco do Brasil e Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Quebra - De acordo com dados apresentados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, o núcleo de Maringá (que abrange 31 municípios) houve quebra de 48% na safra 2021/22 de soja. A cana-de-açúcar tem queda estimada entre 15% e 20%. Na laranja, a perda foi entre 30% e 40%, enquanto no café a estimativa é de 60% em relação à produtividade do ano passado.

Laranja - Segundo o representante da Cocamar presente na reunião, além de uma perda estimada de 50% na produtividade dos pomares de laranja, a florada já foi impactada pela estiagem, o que deve representar prejuízos também na próxima safra da fruta. Felizmente, segundo ele, os campos de produção de sementes de soja da cooperativa não foram afetados.

Maiores - Na opinião do presidente do sindicato rural de Maringá José Borghi, as perdas no campo são bem maiores que as apresentadas durante o encontro, no que se refere à soja. “A situação é trágica. Na lavoura que eu tenho em Monte Castelo perda total, em Maringá 80% e em Campo Mourão acredito que terei perdas de 50%. O que precisamos agora é o amparo de seguro e processo de negociação, para não parar a atividade”, avalia.

Situação semelhante - O produtor de soja Marco Bruschi Neto, presente na reunião, está em situação semelhante. Nas suas três propriedades, acredita que as perdas somam 70%. “Se eu colhesse 50% levantava a mão pro céu. Em mais de 60 anos de atividade, nunca vi uma estiagem como essa”, revela.

Noroeste frágil - Outra reunião foi realizada em uma unidade da Cocamar em Umuarama, no Noroeste, e congregou produtores rurais, representantes da sociedade rural, da Seab, da Cocamar, além de representantes de três empresas de assistência técnica e também o prefeito do município, Hermes Pimentel. O evento foi organizado pelo Sindicato Rural do município.

Perdas - Segundo relatos do Deral, as perdas da safra 2021/22 na produtividade da soja na região são de 65%, o milho verão teve quebra de 78%, cana-de-açúcar entre 25% e 30% e as pastagens desapareceram, impactando negativamente as pecuárias de leite e corte, que sofreram perdas da ordem de 20% cada.

Preocupação - De modo geral, os participantes da reunião apesentaram preocupação em relação ao seguro rural, principalmente em relação a um suposto direcionamento das perícias em desfavor do produtor e a ausência de cobertura para algumas atividades nesta região, como seguro para o sorgo, por exemplo. Outra demanda foi a disponibilidade de linhas de seguro para atividades em solo do tipo 1 (mais arenoso).

Futuro - Uma preocupação extra relatada diz respeito ao futuro da produção na região. “Me preocupa o passo seguinte, o produtor vai estar descapitalizado, muitos endividados e diante de um custo de produção altíssimo”, afirmou o produtor Humberto Viglole, presente na reunião. Na região do arenito Caiuá existem 200 mil hectares de soja.

Oeste - A região Oeste foi a mais prejudicada pela estiagem, conforme informações apuradas pela comitiva. A terceira reunião do dia foi realizada na associação dos funcionários da Cooperativa C.Vale, em Palotina, e foi a maior realizada até então, com presença de técnicos e do presidente da C.Vale, Alfredo Lang, além de representantes da Sociedade Rural, da Seab e o prefeito de Palotina, Luiz Ernesto de Giacometti. O presidente do Sindicato Rural de Palotina e presidente da Comissão Técnica de Aquicultura da Faep, Edmilson Zabott, também participou.

Comprometimento - De acordo com a C.Vale, a região foi impactada pela seca, comprometendo 75% da produtividade da soja. Só no município de Palotina a quebra da oleaginosa foi de 90%, o resultado de uma combinação de pouca água e temperaturas bastante elevadas.

Aquicultura - Conforme Zabott, a aquicultura também vem sofrendo com a seca. “Para a piscicultura temos crise da água, não temos como fazer renovação, então tem que fazer uma aeração muito pesada para manter a ambiência, desta forma o custo da energia é muito alto, e pode inviabilizar a produção”, declarou.

Agilidade - Assim como em outras regiões, a agilidade das empresas seguradoras foi uma das principais demandas dos participantes, bem como produtos que cubram outras culturas e outros tipos de solo.

Endividamento - O endividamento dos produtores também foi motivo de preocupação. “Precisamos buscar alongamento das dívidas. Seria importante levar isso para a ministra [da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina]”, declarou Alfrego Lang, presidente da Cooperativa C.Vale.

Ministra - A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participa de reunião desta quinta-feira (13/01), em Cascavel, no Oeste do Estado. (Com informações da Assessoria de Imprensa do Sistema Faep)

Roteiro da comitiva

Segunda-feira (10/01): Guarapuava, Pitanga e Campo Mourão

Terça-feira (11/01): Maringá, Umuarama e Palotina

Quarta-feira (12/01): Toledo, Medianeira e Missal

Quinta-feira (13/01): Cascavel e Pato Branco

Sexta-feira (14/01): Prudentópolis

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