LOGÍSTICA II: Safra bem armazenada

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Com investimentos de R$ 320 milhões em armazenamento, setor cooperativista acredita que não haverá problemas para estocar a produção deste anoAo contrário do que foi registrado nos últimos anos, a estrutura paranaense para armazenagem e estoque da produção agrícola não deve ser um entrave para o escoamento da safra de verão 2011/12. A ampliação da capacidade estática e a estiagem que causou quebra de 5,03 milhões de toneladas de grãos resultaram em um período pós-colheita com menor preocupação para os produtores. 


Maior capacidade estática - Atualmente, o Paraná possui a maior capacidade estática do País, totalizando 27,9 milhões de toneladas distribuídos em 3.582 armazéns. Somente a estrutura para recebimento de grãos soma 22,4 milhões de toneladas. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em todo o País, os estoques chegam a 142,2 milhões de toneladas. O superintendente regional da Conab no Paraná, Lafaete Jacomel, revela que a Companhia possui estrutura para receber 600 mil toneladas. ""A Conab não tem previsão de expandir sua capacidade própria, mas pretendemos manter o volume atual. A iniciativa privada tem assumido os investimentos nesse segmento"", justifica Jacomel. 


Paranaguá - No Estado, o município com maior estrutura para estoque é Paranaguá, que pode receber 2,8 milhões de toneladas. Londrina ocupa a sétima posição no ranking, com capacidade estática de 548,2 mil toneladas, das quais 375,7 mil comportam granel. Ao considerar a produção de 17,3 milhões de toneladas esperada para a safra 2011/12 no Paraná, pode-se calcular que a estrutura é suficiente para a armazenagem. No entanto, é preciso levar em consideração estoques remanescentes e o estado de conservação dos armazéns. Jacomel revela que, neste ano, a forte comercialização antecipada tem acelerado o escoamento dos grãos já colhidos. ""Ocorre estrangulamento nos estoques quando há alguma dificuldade de mercado que atrapalhe a comercialização"", esclarece. 


Qualidade - Para o assessor técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nilson Hanke, os problemas de estocagem no Paraná são causados principalmente pelo déficit em qualidade dos armazéns, e não tanto pela falta de unidades. ""Muitos armazéns estão velhos e obsoletos. Na região Norte, por exemplo, há muitos que eram usados para estoque de sacarias de café e não servem para armazenar soja e milho"", conta. Segundo ele, essa situação chega a comprometer a qualidade dos grãos armazenados. 


Situação diferente - Hanke lembra que, há dois anos, o Estado tinha capacidade estática de 25 milhões de toneladas e a produção recorde gerou grandes dificuldades, sendo que a safra 2009/10 chegou a ser depositada em estacionamentos de cooperativas de forma improvisada. Na época, um fator agravante foi o estoque remanescente de 500 mil toneladas de trigo que ocupavam os silos. Mas a situação este ano é diferente. O trigo e o milho safrinha, cujas produções foram reduzidas pelas geadas, foram comercializados quase totalmente. 


Exportação - Em relação ao escoamento da produção, Hanke afirma que nos últimos anos a comercialização não era imediata, pois os produtores estavam capitalizados e preferiram esperar para obter preços mais atraentes, quadro que não deve se repetir em 2012. ""Este ano, acredito que toda a exportação deve ocorrer em 40 ou 50 dias"", declara. A expectativa do assessor da Faep é de que a fila de navios seja maior do que a de caminhões no Porto de Paranaguá, que pode ter picos de até 30 km. 


Ideal - Hanke explica que, tecnicamente, o ideal é que a capacidade estática seja equivalente a uma produção e meia do volume da safra. Para conquistar a ampliação estrutural necessária para acompanhar o ritmo de crescimento da produção no Estado, o atual foco da Faep é fomentar a armazenagem em fazendas. ""A partir de 500 hectares, a produção já poderia ter uma armazenagem na própria fazenda, mas o investimento para criar essas estruturas ainda é muito alto e inviável para os agricultores. Por isso, almejamos a adoção desse modelo em médio prazo"", argumenta. (Folha Rural / Folha de Londrina)

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