GRÃOS I: Ciclo precoce e prejuízo dobrado

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O objetivo era diluir o risco em duas safras. Mas, ao invés disso, a opção pela soja precoce aumentou os prejuízos no Paraná. Pensando na safrinha de milho, produtores anteciparam o plantio de variedades de ciclo precoce e superprecoce - em alguns casos, antes do período recomendado. "Estamos plantado cada vez mais cedo, com ciclos cada vez mais reduzidos. Isso tira o potencial de recuperação da planta", considera Enoir Pellizzaro, supervisor de campo experimental da cooperativa C.Vale, de Palotina (Oeste).

Melhor desempenho - Nas três safras anteriores, as variedades precoces tiveram melhor desempenho que as de ciclo mais longo, lembra Pellizzaro. "Na temporada 2007/08 a estiagem em janeiro pegou a soja tardia. A precoce foi bem", recorda Vitor Hugo Zanela, gerente técnico da cooperativa Lar, de Medianeira (Oeste). Nesta safra, relata, aconteceu ao contrário. As chuvas chegaram mais cedo e isso estimulou ainda mais o plantio de variedades de ciclos curtos, relata. Na temporada 2008/09, a seca de novembro e dezembro pegou essas lavouras em estágio crítico e apressou ainda mais o ciclo. Em um período normal, a soja deveria demorar entre 125 e 130 dias para chegar ao ponto de colheita. No Oeste, a Expedição Safra encontrou lavouras com ciclo de apenas 100 dias. Muitas delas de variedades ilegais, sem registro no país, como a soja "Maradona", contrabandeada da Argentina. As plantas se desenvolveram rápido, mas de maneira desuniforme. Nessas áreas, as perdas ultrapassam 50%.

Entre as melhores - As lavouras do produtor Sérgio Luiz Grande, que planta 500 hectares de soja e 100 de milho em Pitanga, estão entre as melhores do Centro do estado. Ele acredita que as perdas podem chegar a 20% por causa da estiagem, mas na vizinhança os índices são bem maiores, passam de 50%. Em sua avaliação, o resultado depende de critério na época do plantio e também da adoção de planejamento de longo prazo, com a rotação de culturas. Formado em administração, ele dedica-se à lavoura há 24 anos e adota, no meio rural, organização e cuidado necessários a qualquer atividade de risco. "A agricultura é feita de detalhes", justifica. O plantio na época indicada, a adubação calculada e o manejo preciso não impediram perda de 40% no feijão, relata.

Quebra agendada - Perdas na soja foram maiores nas regiões de milho safrinha:

Lar - Com sede em Medianeira (Oeste), a cooperativa Lar prevê quebra de 60% na soja. No verão, quase não se planta milho em sua área, só depois da colheita da soja.

C. Vale - As perdas da C. Vale, de Palotina, serão de 55% na soja e de 40% no milho. A segunda safra do cereal teria pautado o plantio da oleaginosa, opção que a estiagem não perdoou.

Cocamar - A quebra na soja será de 30% e no milho de 40%, prevê a Cocamar, de Maringá. Antônio Sacoman avalia que o produtor errou ao apostar no safrinha "que é pior por natureza".

Coamo - Como abrange regiões que plantam e que não plantam safrinha, a gigante Coamo, de Campo Mourão, prevê quebra menor que as demais cooperativas, de 16% na soja e de 21% no milho. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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