FEIJÃO: Leilões e entressafra elevam preço no Paraná

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A colheita do feijão da seca começou com preços mais firmes e tendência de alta no mercado paranaense. A saca do carioca, no mês passado valia menos de R$ 55 no estado, foi cotada a R$ 73,54 ontem, em alta de 34%. O preto teve valorização mais modesta, de 19%. O preço saiu de R$ 57 em fevereiro para R$ 67,65 ontem, segundo a média estadual apurada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os preços também subriram nas gôndolas dos supermercados. Os consumidores curitibanos pagam em média R$ 2,35 pelo quilo do feijão. No mês passado, o carioca foi comercializado em média a R$ 1,95 e o preto a R$ 2,03 o quilo.

Entressafra - O movimento de alta é motivado principalmente pelo período de entressafra, explica Sandra Shetzel, analista da Unifeijão. "É um período de transição. A colheita das águas já acabou e a safra da seca está apenas começando. Por isso, a oferta é menor que a demanda e o mercado é comprador." No Paraná, a sazonalidade positiva também é potencializada por uma nova modalidade de comercialização, a venda eletrônica de feijão.

Internet - Negociando seu produto pela internet, produtores e cooperativas dos Campos Gerais estão conseguindo receber valores acima dos praticados no mercado disponível regional. O agricultor Jesse Prestes é um exemplo. "Tinha um lote de feijão comercial, de qualidade inferior. Tentei vender aqui na região mesmo, mas me ofereceram só R$ 50. Então, entrei no leilão e vendi a R$ 62 a saca", conta.

Lote negociado - O produto de Prestes foi um 13 lotes negociados ontem em leilão eletrônico na Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), braço físico da BM&F Bovespa. No total, foram comercializadas no pregão quase 6 mil sacas do grão. O preço médio foi de R$ 83,97 a saca, mas lotes de melhor qualidade, de grãos tipo 1, alcançaram até R$ 95.

Procura - "A procura foi grande e houve disputa em vários lotes. Clientes de todos os cantos do Brasil participaram. Foi apenas o quarto leilão, mas o projeto já é um sucesso ", comemora Murilo Garcia, operador de mercado da Correpar e um dos idealizadores dos pregões eletrônicos. Em quatro operações, os leilões já movimentaram R$ 1,14 milhão com a venda de quase 15 mil sacas de feijão. Os preços variaram de R$ 50 para o produto fora de tipo e R$ 106 para o grão tipo 1.

Aumento - A procura pela nova modadalidade de comercialização aumenta a cada leilão, relata Eduardo Medeiros Gomes, diretor do Sindicato Rural de Castro. "Quem vendeu feijão nos primeiros leilões está ofertando mais e quem comprou também continua comprando", diz. "No primeiro leilão, conseguimos vender 25% dos lotes ofertados. Ontem, negociamos 57%", confirma Sebastião Sansana, operador de mercado da cooperativa Castrolanda.

Transparência - Ele avalia que os leilões dão mais transparência e segurança para o mercado e afirma que a comercialização virtual do produto tem ajudado a impulsionar os preços na região. "Tem produtor aqui que recebe oferta de R$ 80 e não vende porque consegue preço melhor no leilão. Coincidentemente ou não, houve melhora de preço nos dias que antecederam os leilões", diz.

Campos Gerais - Por enquanto, apenas produtores dos Campos Gerais podem participar dos pregões, mas a expectativa é que os leilões sejam abertos para outras regiões do país em breve. "É apenas uma questão de tempo. Acredito que dentro de quatro a seis meses já teremos ofertas de outros estados", prevê Garcia.

Mercado físico - "Os leilões não têm a pretensão de acabar com o mercado físico. Pelo contrário, são apenas mais uma alternativa para o produtor. Mas depois de consolidada, a comercialização eletrônica na BBM pode ser o primeiro passo para a formação de um mercado futuro de feijão, o que era impensável até então", observa Gomes. (Gazeta do Povo)

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