EXPEDIÇÃO SAFRA II: Em discussão, o futuro do agronegócio mundial

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Enquanto a América do Sul junta os cacos do estrago provocado pela estiagem na produção de grãos, técnicos e analistas de instituições públicas e privadas se reúnem em Arlington (VA), nos Estados Unidos, para discutir e, até certo ponto, deliberar sobre o futuro do agronegócio no Brasil e no mundo. Entre os destaques do Agricultural Outlook Forum está o censo da agricultura, balanço e previsões para os principais países produtores. Em foco, a transição rural nas Américas, processo que considera a expansão da produção no lado de baixo do continente americano. Brasil, Argentina e Paraguai já produzem mais de 100 milhões de toneladas de soja e configuram um novo e importante player para a formação de preço, bem como na relação de oferta e demanda mundial.

Biocombustíveis - A destinação de grãos, principalmente o milho, para a produção de biocombustíveis, é outro tema da pauta. Os Estados Unidos utilizam mais de 90 milhões de toneladas de milho para produção de etanol. "A política energética americana mexe no quadro interno de oferta, assim como no comércio internacional dos países produtores do grão, como o Brasil", diz Robson Mafioletti, analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). A Lei de Energia dos Estados Unidos, de 2007, prevê para 2022 a adição de 20% de etanol a gasolina no país. Cumprida a meta, serão necessários 36 bilhões de galões (cerca de 136 bilhões de litros) de etanol, sendo 15 bilhões a base de milho. A principal matriz, se não única neste momento, é o milho. A lei manda fracionar essa necessidade com outras fontes, como a celulose.

América do Sul - Quanto à expectativa para o encerramento do ciclo 2008/09 na América do Sul, os resultados de forma geral estão sendo positivos, destaca Marcos Matos, assessor técnico da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). "Mesmo com a estiagem afetando a safra na Argentina e em parte do Sul do Brasil, e as cotações internacionais estarem menores, a produção brasileira de grãos será a segunda maior da história, com produção superior a 135 milhões de toneladas e com rentabilidade positiva viabilizada pelo novo patamar da taxa de câmbio", argumenta Matos.

Pecuária - A retração na demanda mundial por carnes, com o arrefecimento do consumo, devido à crise financeira mundial, terá capítulo à parte no Outlook. E mais uma vez, o Brasil está inserido nas discussões, como o maior exportador de carne de boi e aves e o segundo de suínos, lembra Fabrício Monteiro, veterinário da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Em 2008 o preço da arroba bovina atingiu valores recordes acima de R$ 90, sendo o abate de matrizes responsável pela alta. "Depois disso, no início de 2008, um embargo da comunidade européia, focado nas falhas do sistema de rastreabilidade, fechou nosso mercado mais rentável e levou o setor a debater as regras do sistema e as exigências impostas pelos compradores", bases e princípios que serão enfocadas durante o fórum.

Frangos - Monteiro diz, ainda, que nesse cenário internacional é preciso considerar que a Associação Brasileira dos Exportadores de Carne de Frango (Abef) recomenda a diminuição de 20% do número de aves alojadas. Do outro lado, a Rússia, nosso principal mercado de carne suína, anuncia que está investindo para ser auto-suficiente em aves e suínos, dentro de quatro ou cinco anos. "E tudo isso acontecendo junto com uma das piores crises econômicas da história, segundo os especialistas, que muda da noite para o dia oferta e demanda, preço e rentabilidade. (Expedição Safra)

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