CICLO 2009/10 II: A maior safra de trigo em mais de 20 anos

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A safra paranaense de trigo 2009/10 pode ser a maior dos últimos 22 anos. A previsão é do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastacimento (Seab). A estimativa é de que o estado produza cerca de 3,25 milhões de toneladas, volume semelhante ao da temporada 1987/88. "Em condições normais, sem geadas muito fortes ou chuvas muito intensas, podemos atingir um número recorde. Vai depender das condições climáticas", diz o agrônomo Otmar Hübner. No ano passado, a produção foi de 3,21 milhões de toneladas, 1% menor do que o esperado para este ciclo.

Chances - Para o agrônomo Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia, as chances da safra superar o recorde são altas. "É bem provável que isto aconteça. Não há previsão de geadas e as chuvas serão esparsas. O maior problema seria para quem plantou um pouco mais tarde, a partir da segunda quinzena de junho, porque as lavouras estarão mais sensíveis às chuvas", lembra. O fenômeno climático El Niño, que começa neste mês e pode durar até um ano, poderá beneficiar a safra. "Vai chover 20% acima da média histórica nos três estados do Sul. Se as precipitações vierem na hora certa, com certeza vão ajudar", afirma o meteorologista Expedito Rebello, do Instituto Nacional de Me­­teorologia (Inmet).

Qualidade - Se a produtividade não preocupa, a qualidade do grão colhido pode ser menor nesta temporada por causa dos eventos climáticos. "Com o o El Niño trará muita umidade, pode ser que alguns produtores tenham que fazer a colheita durante um período de muita chuva", alerta Marco Antônio.

Plantio concluído - Conforme zoneamento agroclimático do Ministério da Agri­cultura, Pecuária e Abas­te­ci­mento (Mapa), a data limite para o plantio de trigo no estado terminou ontem. Segundo a Seab quase todas as lavouras foram implementadas dentro do período recomentado. "A chuva atrapalhou um pouco, mas de maneira geral o desenvolvimento da cultura é bom. Tanto que a maioria das lavouras está em boas condições", explica Hübner.

Estimativa - Segundo a última estimativa do Deral, deve haver um aumento de 7% na área total da cultura em relação ao ano passado. A extensão plantada saltour de 1,15 milhão de hectares para 1,22 milhão, a maior área de plantio desde 2004/05. Primeiro produtor de trigo do país, com quase 60% da produção, o Paraná deverá apresentar queda de 7% na produtividade em relação a 2008. São previstos 2,65 mil quilos por hectare, enquanto no ano anterior, que contou um clima muito favorável, foram colhidos 2,83 mil kg/ha. "Acho que nos próximos anos vamos superar a marca dos 3 mil quilos por hectare. Para se ter uma ideia, na década de 80, quando tínhamos todos fatores ajudando, não superávamos os 2 mil kg/ha. Hoje, com a tecnologia cada vez mais moderna, vamos melhorar ainda mais", aposta Hübner.

Agricultores esperam produtividade menor - Com o plantio encerrado, os pro­du­tores de trigo do Paraná não a­cre­ditam que a produtividade des­ta sa­fra será tão boa quanto a do ci­­clo anterior. "É difícil atingir os resultados recordes do ano passado porque o principal fator que interferiu foi o clima, principalmente nos últimos meses de cultivo", diz o Luiz Alberto Wantroba, técnico do núcleo regional da Seab, em Ponta Grossa. Ele lembra que o trigo precisa de chu­vas regulares e bem distribuídas durante todos os meses de cultivo, e a ausência de geada nos últimos períodos.

Muito suscetível - Na opinião do produtor Roberto Bührer, que aumentou a área plantada de 180 mil hectares para 240 mil/ha, o trigo é muito suscetível às condições climáticas. "O ponto crítico acontece no mês de setembro, quando qualquer geada ou chuva em excesso pode inviabilizar a produção", afirma. O agricultor espera uma forte queda da produtividade, que deverá passar dos 4 mil quilos por hectare para 3 mil kg/ha.

Vendas - Apesar dos riscos, os triticultores ainda apostam na cultura por con­ta de mecanismos de venda do go­­ver­­no federal, pela possibilidade de financiar o seguro do plantio, e também por causa da queda de produção da Argentina, líder mundial em exportação do produto. "Levamos em conta que o custo de produção do milho safrinha, ge­­­ralmente plantado na área de tri­­go, aumentou bastante. Ainda é preferível investir no trigo, que terá um preço mínimo melhor que no ano passado", comenta Ivo Arnt, agricultor de Tibagi. O preço esperado pelo mercado é de R$ 530 por tonelada, ante uma posição fechada em R$ 480/t na última safra. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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