ANÁLISE: Agenda do agronegócio para 2º mandato de Lula
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A publicação da BM&F, Síntese Agropecuária, entrevistou analistas do agronegócio para avaliar qual será a agenda do setor no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O desafio é colocar em prática algumas idéias, velhas e novas, que possam tirar o agronegócio da crise e fazer o setor crescer novamente. Há pontos consensuais entre os analistas, como a defesa agropecuária. Confira a opinião de dois analistas sobre qual deveria ser a agenda do governo Lula no segundo mandato para o setor
André Pessoa (Agroconsult) - Seguro rural - Implantar definitivamente programa de seguro rural amplo o suficiente para cobrir os riscos de todos os tipos de produtos agrícolas, geral o bastante para atingir todos os tipos e tamanhos de produtores e irrestrito para atender a todas as regiões do país. Para tanto, faz-se necessário subsídio ao prêmio de seguro com recursos adequados. Reestruturação da defesa agropecuária - O governo não aprendeu com os erros e nada mudou. Os recursos nessa área serão cortados no orçamento, ficando centenas de milhões de reais aquém do necessário.
Logística de transporte - Não houve avanço no governo Lula, mas retrocesso. Transportar uma tonelada de soja do norte de Mato Grosso ao porto de Paranaguá custava menos de US$50/tonelada quando o atual governo começou. Na última safra, que nem foi tão grande, custou mais de US$100/t. O que piorou foram as condições de tráfego nas estradas de todas as regiões agrícolas. Nenhuma obra significativa foi realizada em ferrovias, hidrovias e mesmo estradas nos corredores de exportação.
Ambiente regulatório - Nos dois primeiros anos do governo, a Embrapa e o governo ficaram reféns do aparelhamento voltado a atender exclusivamente as demandas da agricultura familiar, do MST e dos opositores dos transgênicos. A CTNBio nada decide e deixa o Brasil na situação de ser o único país relevante no mercado de algodão que ainda submete seus produtores a realizar de 12 a 15 aplicações de defensivos agrícolas. Usando transgênicos, seus concorrentes norte-americanos, chineses, australianos, indianos e até africanos fazem apenas duas ou três aplicações. Ou seja, o meio ambiente seria o principal beneficiado com a liberação do algodão transgênico no Brasil. A Embrapa desenvolveu feijão tolerante ao mosaico do feijoeiro, doença que reduz drasticamente a produtividade, principalmente dos pequenos. Entretanto, pressões têm impedido que esse feijão, típico representante da cesta básica, seja produzido. Trata-se de transgênico 100% nacional, produzido por empresa pública brasileira, com recursos públicos e por pesquisadores brasileiros. Problema semelhante enfrenta o arroz transgênico enriquecido com vitaminas.
Amaryllis Romano (Tendências Consultoria) - Qualificação da produção nacional - O descaso deu, por exemplo, no problema da aftosa e da doença de Newcastle em aves. O PT, como um todo, não parece ter clara sua posição sobre como agir nessa área. O ministro Roberto Rodrigues sabia tudo o que precisava ser feito, mas não tinha o apoio necessário dentro do governo. Pesquisa e regulação - A falta de clareza quanto ao papel do regulador é grave e tem emperrado a discussão e mesmo a pesquisa em áreas em que o Brasil estava na dianteira, como genética. As decisões são tomadas de forma burocrática, sem muito critério científico, e isso poderá retardar a evolução da produtividade nacional. Comércio internacional e acordos bilaterais - No primeiro mandato, o governo perdeu tempo com o Mercosul, enquanto os concorrentes fechavam uma série de acordos bilaterais para conquistar novos mercados. (Síntese Agropecuária BM&F)