INFLAÇÃO DEVE SE AGRAVAR NO SEGUNDO SEMESTRE
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O efeito do repasse do reajuste das tarifas públicas para os preços só não será maior porque a demanda se reprimiu novamente
Os efeitos da inflação sobre o mercado devem se agravar neste segundo semestre, quando forem repassados os reajustes das tarifas públicas. Apesar disso, não deverá ocorrer surto inflacionário porque a demanda se reprimiu novamente e a população conteve o consumo. A análise é do economista José Roberto Mendonça de Barros, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, durante o primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mendonça de Barros esteve em Curitiba, na sede da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) durante comemorações do 79º Dia Internacional do Cooperativismo e 30º ano de existência da Ocepar. O economista e consultor falou aos empresários e presidentes de cooperativas sobre o cenário econômico atual e perspectivas para 2001.
Para Mendonça de Barros, o governo já reviu a projeção de inflação que era de 4% este ano para 5,8 a 6,1% até o final do ano, por conta da crise de energia e da explosão do câmbio. No entanto, o efeito perverso da inflação vai ser sentido daqui para frente, com a incorporação dos reajustes das contas públicas. Até o mês de junho, o índice de inflação medido pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi de 2,42%. Portanto o pior está por vir, disse.
Segundo o economista, nem o governo nem o mercado contava com o comportamento do consumidor das regiões afetadas pela falta de energia, que provocou uma freada brusca nas expectativas de crescimento. Depois de chamado a contribuir com a economia de energia elétrica, o consumidor percebeu a gravidade da situação e conteve o consumo, porque sabia que o que estava em jogo, além de uma economia, doméstico era o emprego. "Foi uma reação voluntária de queda no padrão de vida das pessoas e isto está influenciando no mercado porque a economia de 20% no consumo de energia elétrica implica na desaceleração da atividade econômica", destacou.
Esse comportamento - continuou - ficou evidente na queda das vendas de eletrodomésticos da linha branca e os estoques de veículos nas montadoras começam a se elevar. Ele prevê uma avalanche de férias coletivas daqui para frente para conter a produção. Segundo o economista e consultor, 100% das indústrias de eletroeletrônicos de Manaus estão em férias coletivas.
Diante dessa reação, Mendonça de Barros disse que o aumento dos juros por parte do Banco Central foi uma overdose, que vai custar caro ao setor produtivo. Por conta da queda de consumo, a alta dos juros, crise de energia e crises externas, a indústria que previa crescer 6% este ano, deverá crescer só 3%. Ou seja, esse percentual refere-se ao crescimento do primeiro semestre.
Para os setores eletrointensivos, que não têm geração própria e dependem basicamente da energia elétrica para a produção, a trombada é grande, disse.